sábado, 16 de novembro de 2019

Deixar a chuva desenhar





























Já estive em várias situações engraçadas desenhando à chuva, mas esta, no décimo aniversário dos Urban Sketchers Portugal, acho que superou todas as outras. 
Da parte da tarde um dos grupos foi com o Luís Miguel Frasco para o Miradouro da Senhora do Monte, e pouco tempo depois de lá chegarmos, já a desenhar, fomos apanhados por uma valente bátega.
Eu tinha começado a desenhar a paisagem com o Luis em destaque do lado direito, e a minha intenção era que desenhador e paisagem desenhada dialogassem no desenho, cada um dando força visual ao outro, ilustrando a intensa ligação que se estabelece entre desenhador e paisagem.

Grande parte do lançamento inicial do desenho era aguarela e quando começou a chover em grossas gotas e em força, não houve sequer tempo de proteger o caderno.
Foi uma chuva tão forte como rápida e logo parou, como podem ver nas fotografias que o António Alberto Frazão tirou de nós logo a seguir.

Apesar de se poder pensar que a chuva destruiu o desenho, eu gosto bem dele assim.

Já não lhe toquei mais. A natureza do tempo impôs-se e nas manchas e traços deixou a forte sensação daquele momento único, e refrescante. :)
Para mim este desenho manifesta uma das coisas que mais valorizo no acto de desenhar --- a observação do processo. O que fazemos orienta o desenho num determinado sentido mas o que acontece espontaneamente é aventura a viver e saborear.

1 comentário:

  1. Adorei o desenho como ficou. Traduz tão bem o que vivemos nessa tarde.
    E as fotos estão deliciosas!!

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