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terça-feira, 11 de agosto de 2020

Um jantar muito tranquilo com o Paulo J. Mendes em Paredes de Coura



A sensação foi de pintar com matéria viva. O vinho espesso com a potência da uva bem visível. Não resisto a um material dessa qualidade! :)
Os momentos que seguem uma refeição são muitas vezes momentos de grande prazer para mim, pela plasticidade de uma mesa já desarrumada, das nódoas de vinho ou azeite na toalha de mesa, e de toda a descontracção que a barriguinha cheia proporciona.
Eu não desenho habitualmente a comida quando ela chega à mesa. Esse para mim é o momento de saborear uma outra arte... e quando num restaurante, de saborear a arte de outros. Mas o final de uma refeição alongada no prazer de desenhar, é algo de que gosto muito.
Este desenho foi feito em Paredes de Coura, ao final do dia do encontro que aí se realizou com muitos participantes da actividade "Desenhos do Alto Minho, Sketching com História".
Ao final do dia apenas ficámos nós. O Paulo estava a fazer a residência artística dele ali e eu fiquei a jantar com ele, antes de regressar a Valença do Minho, onde estava a fazer a minha.
Fomos a um lugar onde servem comida mesmo caseira, o Barbaças, e onde fomos muito bem recebidos. Foi um jantar calmo, como nós gostamos. 
E eu fiquei sensibilizada de como as aguarelas dialogaram com o vinho minhoto. ;) 
Verde tinto... em malga, claro, como dita a tradição! 
E essa cor roxa ainda só a encontrei no Norte de Portugal e na Galiza.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Cláudia Mestre


O retrato tem sido uma das minhas grandes paixões desde que me encontrei no gesto de desenhar. 
Cada pessoa, no momento em que a vou desenhar, tem as linhas do desenho já em si. Tem as sombras e a luz próprias do seu ser, o seu próprio ritmo e a sua própria dignidade.
Desenhar um retrato é servir esse ser que está em frente de nós.

Para mim, o desenho de um retrato é uma escultura de luz. Ao desenhar sou apenas uma servidora que deixa essa luz aparecer.
Amar e servir, pensei… como as divisas de uma ordem ou profissão. :)
Um pintor ou um desenhador é realmente um servidor. Toda a criatividade tem como função servir a vida, torná-la bela, luminosa. E não estou a falar de beleza como um artifício, mas da beleza límpida da alma, a beleza do próprio ser, com tudo o que faz parte dele.

E isto para dizer que este retrato da Cláudia Mestre me deu um prazer imenso a fazer, no ambiente feliz do 10º aniversário dos Urban Sketchers Portugal.
Estávamos sentadas num círculo de pessoas a retratarem-se mutuamente, aquilo a que chamam de duelos, mas que eu senti mais como um dueto, pela comunicação que se estabeleceu nesses momentos em que cada uma estava centrada na outra.
Agradeço à Cláudia pela disponibilidade de posar com a calma dela, e por ser uma pessoa tão serena, que trouxe toda essa luz ao desenho.
Quando olho para este retrato vejo uma figura renascentista, e ela é uma mulher afinada com o renascimento de uma nova era de respeito pela Natureza.


E aqui está o desenho que ela fez de mim. :)

sábado, 16 de novembro de 2019

Deixar a chuva desenhar





























Já estive em várias situações engraçadas desenhando à chuva, mas esta, no décimo aniversário dos Urban Sketchers Portugal, acho que superou todas as outras. 
Da parte da tarde um dos grupos foi com o Luís Miguel Frasco para o Miradouro da Senhora do Monte, e pouco tempo depois de lá chegarmos, já a desenhar, fomos apanhados por uma valente bátega.
Eu tinha começado a desenhar a paisagem com o Luis em destaque do lado direito, e a minha intenção era que desenhador e paisagem desenhada dialogassem no desenho, cada um dando força visual ao outro, ilustrando a intensa ligação que se estabelece entre desenhador e paisagem.

Grande parte do lançamento inicial do desenho era aguarela e quando começou a chover em grossas gotas e em força, não houve sequer tempo de proteger o caderno.
Foi uma chuva tão forte como rápida e logo parou, como podem ver nas fotografias que o António Alberto Frazão tirou de nós logo a seguir.

Apesar de se poder pensar que a chuva destruiu o desenho, eu gosto bem dele assim.

Já não lhe toquei mais. A natureza do tempo impôs-se e nas manchas e traços deixou a forte sensação daquele momento único, e refrescante. :)
Para mim este desenho manifesta uma das coisas que mais valorizo no acto de desenhar --- a observação do processo. O que fazemos orienta o desenho num determinado sentido mas o que acontece espontaneamente é aventura a viver e saborear.